Espiritualidade Mariana
INTRODUÇÃO
O amor e a devoção a Maria constituem um dos traços característicos da religiosidade do povo brasileiro. O Papa João Paulo II, de venerável memória, em sua primeira viagem ao Brasil, em 1980, ao perceber isso, lembrou que a religiosidade popular é expressão de uma dimensão profunda do homem, é a própria alma do povo aflorando nas expressões e manifestações dessa religiosidade.
Um ano antes, em Puebla, o Papa tinha proposto como programa para todo o povo cristão, um retorno às verdades sobre Jesus Cristo, sobre a Igreja e sobre o homem. O então cardeal Ratzinger observou que a condição de atuação deste programa de João Paulo II era o retorno a Maria.
A relação Maria – Igreja nunca tinha sido apresentada de maneira tão profunda e essencial como no Concílio Vaticano II: Maria não é um modelo para o qual a Igreja deve olhar de fora. Ela – com sua total adesão aos desígnios de Deus, abrindo caminho para a
Encarnação – é a figura da Igreja, a Igreja na sua plena realização. Em outras palavras, a essência da Igreja é “mariana” (cf. LG 8).
O Concílio ressaltou a santidade da Igreja como dimensão primeira, à qual todas as demais devem servir. E recorda que nos escalões da santidade, justamente a
“mulher”, Maria de Nazaré, “precede” a todos no caminho rumo à santidade; nela, “a Igreja já alcançou a perfeição” (cf. LG 8).
Maria, no seu sim, torna-se a forma plasmadora da Igreja, lugar de encontro de
Deus com o homem. Sim que não é apenas uma resposta individual, mas que contém a dimensão coletiva de abertura de todo o gênero humano para Deus.
O Documento de Puebla recorda que “Deus se fez carne por meio de Maria, começou a fazer parte de um povo, constituiu o centro da história. Ela é o ponto de união entre o Céu e a terra. Sem Maria, o Evangelho desencarna-se, desfigura-se e transforma-se em ideologia, em racionalismo espiritualista” (Puebla, n. 301).
“O Magnificat é o espelho da alma de Maria. Nesse poema,