Espiritos das leis
Aqueles que disserem que uma fatalidade cega produziu todos os efeitos que vemos no mundo, disseram um grande absurdo: pois que absurdo maior do que uma fatalidade cega que tivesse produzido seres inteligentes.
Se pudéssemos imaginar outro mundo que não este, ele teria regras constantes, ou seria destruído. Os seres particulares inteligentes podem possuir leis feitas por eles, mas também possuem outras que não fizeram.
Possuem leis naturais porque estão unidos pelo sentimento, não possuem leis positivas porque não estão unidos pelo conhecimento.
Ao sentimento de sua fraqueza, o homem acrescentaria o sentimento de suas necessidades. Desse modo, outra lei natural seria o levaria a procurar alimentar-se o desejo de viver em sociedade e uma quarta lei natural.
A lei, em geral é a razão humana, enquanto esta governa todos os povos da terra; e as leis políticas e civis de cada nação não devem ser senão os casos particulares aos quais se aplica esta razão humana.
Há três espécies de governo: o republicano, o monárquico e o despótico. Quando república, o povo todo detém o poder soberano isso é uma democracia. Quanto o poder soberano está nas mãos de uma parte do povo, está se chamando aristocracia. Não pode ser monarca senão por meio de seus sufrágios que constituem suas vontades.
O sufrágio pelo sorteio é da natureza da democracia, o sufrágio pela escolha é da natureza da aristocracia. Nos Estados, onde não existem leis fundamentais, também não há depósito de leis. Vem daí que, nesses países, a religiões comumente tenha tanta força.
Assim como a virtude e necessária no governo popular, do mesmo modo é no aristocrático.
Nas monarquias, a política faz com que