Espiral Inflacionária
A inflação é um problema bastante característico da economia brasileira, em particular a partir da década de 50. Todavia, a tendência de elevação da inflação se acentuou a partir na década de 80, na qual a inflação passou a ser medida em termos mensais, não mais anuais. Na segunda metade da década, girou em torno de 20% ao mês (640% ao ano), interrompida por sucessivos e malogrados planos de estabilização, culminando num processo hiperinflacionário ao final de 1989 e início de 1990, quando a inflação chega a ultrapassar a marca de 70% ao mês. O país passou por seis programas fracassados de estabilização (Cruzado I, Cruzado II, Bresser, Verão, Collor I, Collor II), assistiu a um processo crescente de indexação e esteve à beira da hiperinflação, no final do governo Sarney (Março/1990).
Além de 2 (dois) choques do petróleo (1973 e 1979), outros fatores relativamente independentes foram responsáveis pela aceleração do processo inflacionário:
a) Sucessivos choques agrícolas, principalmente em conseqüência de geadas (como ocorreu entre 1975 e 1977, com três safras sucessivas, ou ainda em fins de 1985), provocando aceleração dos preços na agricultura;
b) Elevados gastos públicos com programas de substituição de importações na área de energia, aço, bens de capital e minerais não-ferrosos;
c) Elevação da dívida externa, devido ao aumento tanto do principal (anos 70) como das taxas de juros internacionais (início dos anos 80)114. Seu efeito sobre as taxas de inflação manifesta-se principalmente devido à necessidade da conversão da moeda estrangeira em moeda nacional, pressionando os meios de pagamentos;
d) Maxidesvalorizações cambiais em fins de 1979 e início de 1983, que encareceram o custo dos produtos importados.
Deste modo, a espiral inflacionária decorre de um amplo conjunto de causas entre as quais, conflito distributivo, mecanismos de indexação, o peso insustentável da dívida externa, o fracasso dos programas desestabilização no combate à