Espelho da mente
Sentada na sala de estar de sua casa, o carpete azul marinho cobrindo o enorme salão, as tapeçarias antigas ornando a parede de um papel florido vibrante, o único ruído capaz de ser ouvido eram os cristais do lustre oscilando, em função da pequena corrente gerada pela janela aberta. Ao seu lado uma pequena mesinha de centro, uma xícara de café e a carteira aberta pronta para oferecer-lhe um cigarro. Os cabelos de um vermelho acetinado caiam por sobre os ombros pálidos e delicados da jovem e por um breve momento, os olhos âmbar agora perdidos na imensidão azul do carpete, foram tomados por dúvida e desconsolo. Catherine perguntava-se no íntimo, no que é que se tornara sua vida nos últimos anos, como havia saído da vida desregrada de baladas, pubs e álcool para tornar-se a ilustríssima Sra. Grant, dona das melhores festas, constantemente fotografada com os maiores nomes do alto escalão, junto de seu bem sucedido marido John. John era trinta anos mais velho que Catherine e nos últimos anos fizera dela uma verdadeira dama. Ele sabia que não pertencia fielmente ao seu coração, mas diante de sua atual situação enferma ela demonstrara grande compaixão e carinho para com ele, não o deixando sozinho ou ao desalento por uma vez sequer, e ele era grato por isso.
John acabara de perder a esposa em um acidente quando se conheceram e sabia que não podia viver sozinho por muito mais tempo. Catherine ainda era muito jovem, mal havia acabado a universidade, estagiava na renomada Editora Grant. A garota tinha uma sensualidade nata, mesmo não fazendo menção de possuí-la, era dona de um corpo escultural e o olhar profundo de quem sabia o bastante sobra a vida. Todos os seus ornamentos em para com a competência e a dedicação de Catherine ao trabalho, despertaram a atenção de John, o mesmo John que a deixou sem chão quando na madrugada do último domingo, falecera. Catherine se via desamparada. Vivera os últimos anos dedicando-se exclusivamente a casa e