Especialista

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A MEMÓRIA E SUA AVALIAÇÃO
Antônio Carlos de Oliveira Corrêa
1. Introdução

A memória é um fenômeno biológico fundamental e extremamente complexo, continuando a ser um dos grandes enigmas da natureza. Somente agora o homem começa a desvendar seus segredos. A partir da segunda metade do século XX, a ciência desenvolveu uma tecnologia de investigação dos fenômenos da memória antes inimaginável. O vôo das neurociências, após o término da Segunda Guerra Mundial, e o grande salto da neuropsicologia em direção a um conjunto de conhecimentos até então desconhecido, propiciaram ao homem, um mergulho em área que o fascina e o intimida desde os primórdios da humanidade. O estudo da memória é interdisciplinar abrangendo áreas como a psicologia, a neurologia, a psiquiatria, a biologia molecular, a genética, a neuroanatomia, a filosofia, a história e outras. Entretanto, o conhecimento apenas resvala a superfície de um ainda vasto mistério.
A memória pode ser descrita como um dom da natureza, a habilidade do organismo vivo para reter e para utilizar a informação adquirida. O termo está intimamente relacionado a conhecimento (aquisição e retenção de informação) (Tulving, 1995). Ela é uma propriedade universal da matéria, representa um papel central para o ser humano, nos dá sentido de continuidade e nossa noção de self dela depende (Semon e Hering, 1920). A nossa personalidade, a história e o comportamento do indivíduo dependem da memória. Ela nos dá o sentido do tempo, na escala do relógio ou do calendário e permite que conservemos nossa identidade, nossa aprendizagem e nossa adaptação, bem como o acesso à linguagem e dá coerência aos nossos pensamentos, organizando a nossa história. Desde a Antigüidade o homem se preocupa com a memória e suas dificuldades. Aristóteles argumentava que tudo que chega do exterior em nossa mente passa pelos órgãos dos sentidos. Nós aprendemos por associação: nossas mentes associam de forma natural os fatos que ocorrem em