Escritores Gana e Irã
A escritora iraniana Azar Nafisi, de 54 anos, defendeu neste sábado (14), no segundo dia da 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o uso da literatura como forma de vencer o regime autoritário do Irã. Para ela, as lideranças em seu país têm medo dos livros e seus escritores, porque eles oferecem visões alternativas de mundo.
"Eles (aiatolás) não gostam de vozes dissonantes. As armas mais perigosa para eles são os autores e não as armas dos americanos", disse. "Precisamos usar mais Clarice (Lispector), mais Hannah Arendt, para não darmos apoio à tirania".
Ter a literatura como forma de afrontar o poder em seu país é o que faz Azar desde sua mocidade. Ela, que em 1981, lecionando literatura inglesa na Universidade de Teerã, foi expulsa por se recusar a usar o véu, imposto às mulheres de seu país, é autora do livro Lendo Lolita em Teerã, que conta a vida de oito mulheres, incluindo ela, que encontravam-se secretamente para explorar a literatura ocidental proibida no Irã.
Durante dois anos, antes de deixar o Irã, em 1997 - hoje ela mora em Washington e escreve regularmente para The New York Times, The Washington Post e The Wall Street Journal -, Azar e mais sete jovens liam em conjunto obras como Orgulho e Preconceito, Madame Bovary, Lolita, e o relato dessa experiência já foi traduzido para 32 países e por 177 vezes esteve na lista dos mais vendidos do New York Times.
De acordo com a escritora, que uma semana atrás participou como convidada da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, a literatura é apenas um exemplo. Qualquer que seja a forma de incentivar a imaginação, qualquer manifestação cultural, inclusive o futebol, que, segundo ela, tanto brasileiros como iranianos gostam muito, podem ajudar o seu povo a lutar por liberdade.
Ela diz que no Brasil é possível ver pessoas de várias etnias misturadas, sorrisos nos rostos, enquanto no país dela tudo tem que ser à imagem do presidente. "Lá vemos