Escolas Socraticas
1. A ESCOLA CÍNICA
O fundador desta escola foi o ateniense Antístenes, que viveu entre os séculos V e IV a.C. e que já era de idade avançada quando se tornou discípulo de Sócrates. A sua escola funcionava no ginásio chamado Cinosarge (cão ágil), de onde o nome de "cínicos" dado aos seus adeptos e aos seguidores de sua escola.
Em oposição aos desenvolvimentos lógico-metafísicos realizados por Platão, Antístenes concentrou-se essencialmente nos problemas éticos. Ele sustentava, socraticamente, que "o fim do filosofar é alcançar e praticar a virtude e que a virtude é suficiente para a felicidade; que a virtude está nas ações e que não tem necessidade de muitas palavras nem de muitos conhecimentos".
O "não-ter-necessidade-de-nada", isto é, o desapego dos bens materiais e a absoluta independência em relação aos acontecimentos deste mundo, é, segundo Antístenes, o ponto distintivo da vida de filósofo e do sábio. Diógenes Laércio refere que, tendo alguém perguntado a Antístenes qual a vantagem que a filosofia lhe trouxera teria ele respondido: "O poder estar em companhia de mim mesmo". O mesmo biógrafo recorda entre as doutrinas fundamentais de Antístenes, o princípio: "O sábio basta a si mesmo". Bastar a si mesmo é, pois, perfeição divina e dela somente o filósofo é capaz. Há, porém, segundo Antístenes, duas grandes dificuldades para a obtenção da sabedoria: o orgulho e o prazer. O orgulho é um obstáculo para a consecução da sabedoria, porque impede o homem de conhecer a si mesmo, de conhecer os próprios limites e defeitos.
O prazer opõe-se à sabedoria, porque impede a autarquia do sábio. Compreende-se assim que Diógenes, outro seguidor desta escola, dissesse: "Eu preferiria enlouquecer a sentir prazer", e ainda: "Se Afrodite estivesse em minha frente, eu lhe atiraria uma