Escolarizando o mundo
Nem sempre a educação e a boa vontade dos educadores se prestam à emancipação e à autonomia. Aliás, esse é um dos aspectos analisados no filme que mais chamam a atenção: em todo o mundo são frequentes ações voluntárias de organizações não governamentais ou de indivíduos bem intencionados em prol da educação de populações locais. Nem sempre, no entanto, essas ações vêm acompanhadas da plena consciência do processo mais amplo em que estão inseridas e que, em geral, envolve a espoliação de territórios e a desvalorização de saberes tradicionais.
Escolarizando o mundo foi filmado, principalmente, em Ladakh, região situada no sudeste da Ásia e conhecida como ‘pequeno Tibet’, palco de disputas políticas entre Índia, Paquistão e China, em uma região do Himalaia (a parte oriental e sob controle indiano) onde a cultura budista tibetana luta por manter vivas as suas tradições e a sua língua original. É com base, portanto, no que vem acontecendo em Ladakh, mas não apenas restrito a esse local, que o filme procura tornar explícitas as premissas ocultas por trás de projetos de escolarização em andamento em várias partes do mundo. Entre elas, destaca-se a falsa ideia de que os valores e o modo de vida ocidental são superiores e absolutos, vias de acesso garantido para uma vida melhor.
Como revela o documentário, não necessariamente essas promessas são verdadeiras e, na maior parte das vezes, mostram-se fábulas irreais. Muitos jovens têm sido apartados de suas localidades e se deslocado