escola
ISSN 1981-6278
Artigos originais
Trabalho com camundongos em pesquisa imunológica. Ligação, emoções e cuidado
DOI: 10.3395/reciis.v2i1.142pt
Daniel Bischur
Universität Salzburg, Austria daniel.bischur@sbg.ac.at Resumo
Este ensaio descreve e reflete sobre algumas características típicas da relação entre pesquisadores e animais nos cenários de experimentação animal científica. O relacionamento entre os pesquisadores e “seus animais de laboratório” é altamente ambivalente. Por um lado, os animais são reduzidos a algum tipo de ferramenta tecnológica: animais analíticos portadores de dados. Por outro lado, eles certamente permanecem animais naturais, vivos, cuidados e objetos de ligações emocionais. Os cientistas estão desenvolvendo uma determinada distância emocional para com seus animais de laboratório, mas, ainda, mantêm algum tipo de relacionamento emocional com os mesmos. Após uma descrição de rotinas com camundongos em um laboratório de imunologia, irei focar a relevância do corpo vivo do camundongo usado para a ambivalência característica da percepção do animal pelos cientistas.
Palavras-chave
Imunologia, experimentação animal, ligação com o animal, corpo, práticas de laboratório
Introdução
O principal objetivo dessa pesquisa em um laboratório de imunologia foi elaborar uma descrição densa sobre a preocupação ética na experiência de trabalho cotidiana de pesquisas, trabalhando com experimentação animal: é alertar para esta ambivalência típica do relacionamento entre cientistas e animais de laboratório ao fazer referência a dados do campo – entrevistas narrativas e notas de observação - coletadas em um grupo de pesquisa de imunologia na Universidade de Salzburg entre 2005 e
2007, como parte de meu projeto de pesquisa: Estruturas
Sociais da Ética nas Práticas Científicas das Ciências da
Vida, financiado pelo Programa Austríaco de Tecnologia e Pesquisa Avançada (APART 11084) da Academia Aus-