Escola Eficaz
INTERAÇÕES EM SALA DE AULA
RESENDE, Tânia de Freitas - UFMG – FaE
GT: Sociologia da Educação /n.14
Agência Financiadora:. CNPQ
A sala de aula tem sido recorrentemente representada, em produções culturais dos mais diversos tipos – desde programas de TV humorísticos até a literatura específica da área educacional –, como lugar da mesmice, do tédio, da repetição de rituais. Em congressos e encontros de Educação, ouve-se com freqüência a “anedota” segundo a qual uma pessoa que morre no Brasil, na época do Império, volta à vida nos dias de hoje e se sente assustada em todos os lugares que adentra, como igreja, loja, hospital, indústria, pois não vê nada familiar, nada que reconheça; até que entra numa sala de aula e respira aliviada, pois ali tudo estava exatamente como havia deixado há quase duzentos anos. No campo científico, referindo-se mais especificamente à sociologia da educação, Sirota (1994) lembra que a sala de aula permaneceu durante muito tempo como uma “caixa preta”, parecendo não haver, em seu interior, aspectos que, não sendo familiares ou rotineiros, merecessem investigação.
Entretanto, estudos recentes, realizados em diferentes áreas, dentre elas a própria sociologia da educação, têm buscado desvendar o interior dessa “caixa preta”, revelando uma realidade social dinâmica e multifacetada, cuja análise se torna fundamental para a compreensão do processo de escolarização e para o delineamento de perspectivas a seu respeito (Keddie, 1982; Delamont, 1987; Sirota, 1994; Carvalho, 1999).
Neste trabalho, analisar-se-ão alguns dados obtidos em pesquisa de campo desenvolvida em 1999, em uma escola privada de Belo Horizonte, envolvendo um tempo prolongado de observação em sala de aula, em uma turma de 3ª série do Ensino
Fundamental. A partir dos pressupostos da sociologia interacionista e de contribuições dos estudos antropológicos em torno do conceito de cultura, a realização