Escola da bola
Um olhar para algumas décadas passadas permite observar que não existia uma preocupação com a iniciação esportiva, visto que a mesma ocorria de forma espontânea nos locais onde crianças brincavam. As crianças e jovens faziam do tempo e espaço disponíveis, o “seu espaço” e o “seu tempo” para se divertir. Jogavam para aprender sem saber que estavam aprendendo. A prática era lúdica, sem o objetivo formal de se aprender, os jogos e as brincadeiras eram transformados conforme a realidade situacional. As regras eram criadas, a dinâmica, as tarefas e as funções do jogo eram adaptadas para se poder jogar e brincar. Ao se reunir, surgia um jogo, e assim, conseqüentemente, uma rica e variada quantidade de experiências motoras era apreendida, o que servia de base para posterior aprendizagem dos esportes. Atualmente, esta prática foi sendo substituída, gradativamente em alguns locais, rapidamente em outros, por práticas direcionadas, formais, privilegiando o ensino da técnica, que levaria a ações estereotipadas, mecanizadas. Em muitos casos, resultaria em especialização precoce nas diversas modalidades esportivas com a busca de rendimento conforme o conceito “quanto mais jovem treinar, melhor”. Assim, crianças passaram a serem consideradas como “adultos em miniaturas” (Benda, 2004; Hahn, 1988), e “treinadas antes de aprenderem a jogar” (Schmidt, 1994).
Os motivos dessas mudanças foram diversos e as conseqüências negativas foram analisadas e debatidas por diversos estudos no Brasil (Assis, 2001; Betti, 1991; Barbanti et al., 2002; Bracht, 1986, 2000; Castellani Filho, 1993; De Rose Junior, 1998, 2001; Freire,
2003; Gaya et al., 2004; Kunz, 1988; Tani et al., 1988); e internacionalmente (Baur et al.,
1994; Bento, 1999; Bompa, 2005; Brettschneider, et al. 1998; Graça & Oliveira, 1995;
Griffin et al., 1995, 1997; Memmert, 2004; Raab, 2001). Sendo que, no âmbito internacional, o maior reforço a essa visão se focaliza nas áreas de Treinamento