Escola,Classes e Luta de Classes
Nas décadas de 20 e 30 do século XX, com o movimento da Escola Nova, foram reformulados e redefinidos o ensino, os espaços e as relações escolares, acompanhando estratégias de reorganização social fundamentados em uma racionalidade científica que se espraiou por toda a sociedade brasileira, constituindo novos processos de trabalho e de educação.
O pensamento e as práticas até então vigentes, na orientação das experiências sociais de empresários e intelectuais, não conseguiam ocultar os conflitos e tensões sociais presentes no cotidiano das cidades. Desde o final do século XIX, a nascente indústria marcava a paisagem urbana, das capitais brasileiras, com seus prédios, chaminés e vilas operárias. Nesta nova configuração urbana, a classe operária passou a assinalar sua presença, reivindicando salários e direitos que lhes garantissem melhores condições de trabalho e de vida. Juntamente com desocupados e biscateiros, ameaçavam os padrões de hegemonia de setores dominantes.
Importa ter presente que grandes contingentes de negros, mulatos, sertanejos - brasileiros comuns - eram representados no imaginário nacional como doentes, indolentes, improdutivos. Enquanto os negros e mestiços figuravam como vadios e, portanto, inadaptados ao trabalho assalariado, os sertanejos eram vistos como indolentes, desanimados "jeca tatus". Já os imigrantes, responsabilizados pelos protestos grevistas, refletiam a presença incômoda, deixando morrer esperanças de suas influências exemplares em termos de disciplina.
Na perspectiva de setores comprometidos com determinada ordem social, passou a haver necessidade de produzir e estruturar mecanismos mais efetivos de controle social, harmonizando interesses patronais e operários mediante a organização dos modos de trabalho e de vida das classes populares, como forma de modernizar o país. Para tanto, em diversos ambientes da sociedade brasileira daquela época, manifestaram-se preocupações com o progresso e futuro do Brasil. [...]