CONCEITO GRAMSCIANO DE SOCIEDADE CIVIL USOS E ABUSOS
CONCEITO GRAMSCIANO DE SOCIEDADE CIVIL: USOS E ABUSOS
NA EDUCAÇÃO
Thiago Chagas1
Sandra Cordeiro Felismino (orientadora)2
O painel aqui apresentado traz uma reflexão preliminar em torno das apropriações pedagógicas do conceito gramsciano de sociedade civil. O ponto central de nossa apresentação será o de analisar a idéia de que esse conceito permitiria pensar a função político-ideológica da escola para além das teorias reprodutivistas. A tese que procuraremos demonstrar é a de que o uso abusivo e aleatório dessa noção, em vez de contribuir, dificulta a ação docente progressista. O trabalho estrutura-se em três momentos. No primeiro, procuramos explicar a relação entre as teorias crítico-reprodutivistas da educação e o conceito gramsciano de sociedade civil. Logo em seguida, buscamos, a partir da definição do conceito de sociedade civil em Gramsci, perspectivar o papel que a escola assume numa sociedade de classes. Por fim, procuramos demonstrar que esse conceito passa por ampla ressignificação, que o distancia do sentido que era atribuído por Marx e
Gramsci, ao ser utilizado para justificar o fim da luta de classes.
INTRODUÇÃO
O tratamento dado à função sócio-política da escola oscila, basicamente, entre duas visões contrastantes. Os teóricos pertencentes à primeira idéia, de forma geral, concebem a sociedade como sendo harmoniosa e tranqüila. Nesta perspectiva, a divisão da sociedade em classes não só é tida como natural, mas também desejável. Acreditam, ainda, que suas contradições e conflitos poderiam ser resolvidos mediante uma boa e organizada ação educativa, creditando à educação uma ampla margem de autonomia perante a sociedade. Seus principais representantes são:
Durkheim, Dewey, Mannheim e Parsons.
Os teóricos da segunda linha, diferentemente, partem do princípio de que o fenômeno educativo, como historicamente determinado, é condicionado pelas relações sociais de produção da vida material e espiritual. Assim, a sociedade, longe de ser concebida como