erro de descartes
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A razão das emoções: um ensaio sobre “O erro de Descartes”
O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano, de António R. Damásio 1
Carlos Tomaz
Lilian G. Giugliano
Universidade de Brasília
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ltimamente, vários estudos têm abordado o “velho” tema das emoções e a sua importância no controle do comportamento, incluindo as chamadas funções mentais superiores como a percepção, aprendizagem, memória e inteligência. Para aqueles, como nós, que trabalham com emoção e cognição é gratificante constatar que o debate sobre o tema atravessou a barreira dos laboratórios e da academia e passou a fazer parte do cotidiano de um público mais geral.
“O Erro de Descartes” de António Damásio é um livro elegante, de uma leitura arrebatedora, que ilustra o fato de que as emoções são indispensáveis para a nossa vida racional. São as emoções que nos fazem únicos, é o nosso comportamento emocional que nos diferencia uns dos outros. A natureza e a extensão do nosso repertório de respostas emocionais não depende exclusivamente do nosso cérebro, mas da sua interação com o corpo, e das nossas próprias percepções do corpo.
Como diz Damásio, o corpo representado no cérebro constitui-se num quadro de referência indispensável para os processos neurais que nós experienciamos como sendo a mente.
Neste ponto, o autor aponta alguns “erros” de Descartes - a separação entre a mente e o corpo. O que se passa no cérebro são
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Resenha
operações mentais; isto influencia o corpo e vice-versa. Entende-se, portanto, o título do livro. A mente é fruto do cérebro contrapondo o dualismo cartesiano no qual a alma (razão pura) é independente do corpo e das emoções, e não ocupa lugar no espaço. Além disso, o método de estudo mecanicista proposto por Descartes é questionado.
Damásio defende uma fusão do estudo neurobiológico com a investigação psicológica numa