era vargas
RESUMO
A revolução de julho de 1924 em São Paulo foi muito pouco investigada pela historiografia brasileira, principalmente se considerarmos que ela determina o início de um controle social preventivo e sistemático, por parte do governo federal, sobretudo nas esferas da saúde e da segurança pública. Este artigo estuda essa transformação no Estado Brasileiro, particularmente no que tange à polícia política, durante o governo do presidente Arthur Bernardes (1922-1926). A hipótese que orienta o trabalho é a de que, nesse período, foi inaugurado um novo modelo de exercício do poder político, denominado por
Michel Foucault de biopolítica, precursor do futuro estado de controle social da era Vargas.
Palavras-chave: Revolução de 1924, controle social, polícia política, biopolítica.
Introdução
A revolução em São Paulo que levou o país ao estado de sítio decretado em julho de 1924 foi e continua sendo muito pouco investigada pela historiografia brasileira, apesar de se tratar de um evento de caráter seminal para a história brasileira do século XX, principalmente se levarmos em conta que seus sucessos estão na base da formação de uma política policial preventiva e sistemática. A reação desmedida praticada pelo governo federal aproveitando-se de uma situação anômala serviu de motivo para a criminalização e degredo de seus inimigos políticos e de outros indesejáveis sociais existentes nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Neste artigo trabalha-se a hipótese de compreender essa prática política mais agressiva empreendida pelo Estado brasileiro como parte do processo de transformação na forma de exercício do poder soberano em direção a uma moderna política de controle social sobre o corpo político da nação.
Foi precisamente durante o governo do Presidente Arthur Bernardes em que houve a emergência de duas ações políticas