Era uma vez
O pastor seguiu o homem de longe, ainda admirado com tudo o que tinha visto. Era magia, de certeza, só podia ser magia… Interrompi a avó de novo: – Era magia, avó? Era?
– Já vais saber – respondeu a avó, com um brilhozinho nos olhos. Ou era o reflexo da lareira? E a avó continuou a sua história:
O homem entrou num estábulo e acendeu uma fogueira com as brasas que tinha levado nas mãos. O pastor aproximou-se e ficou pasmado: na manjedoura estava uma criança, linda, linda. Quando o fogo pegou nos troncos, o pastor viu uma multidão de anjos, que cantavam muito alegres. Anjos pequeninos subiam e desciam do telhado para a manjedoura e dali novamente para o telhado fazendo uma espécie de espiral. O pastor aproximou-se mais. O seu coração empedernido enterneceu-se, o rosto carrancudo abriu-se num sorriso e caiu de joelhos em frente da criança. Depois, levantou-se apressado e foi chamar outros pastores. Agarrou numa das ovelhas, a mais branca e pequena que tinha, e correu para o estábulo para a oferecer àquela família, que parecia tão pobre e, ao mesmo tempo, tão rica.
– Quem eram eles, avó? Porque estavam num estábulo?
– Eram José e Maria. Tinham chegado de viagem e não encontraram lugar para ficar. Acabaram por se acolher no estábulo, para se protegerem do frio da noite.
– Porque estavam os anjos a cantar?
– Porque estavam felizes. Aquele menino na manjedoura era Jesus. Vês? A minha história está aqui representada no presépio, que tu ajudaste a armar.
– Pois foi. E aqui estão os pastores. Qual é o pastor carrancudo?
– Este, que está de joelhos. Sabes? Ele tornou-se muito bom e amigo das pessoas. Nunca mais negou nada a ninguém, quando lhe pediam alguma coisa. E aqui tens a ovelhinha que ele ofereceu. Vês como olha para o Menino? Também a ovelha percebeu que havia ali qualquer coisa de mágico e ficou muito quietinha a olhar para o Menino. Porque nasceu este Menino, as pessoas vão à igreja. Mas eu, porque sou velha, e tu, porque és