Era uma vez na américa

4180 palavras 17 páginas
O filme conta a história de um grupo de amigos de ascendência judaica que crescem juntos cometendo pequenos crimes nas ruas do Lower East Side, em Nova Iorque. Aos poucos, estes crimes vão assumindo maiores proporções e os amigos se tornam respeitáveis mafiosos. O entrelaçamento de companheirismo, ambição e traição leva a uma reviravolta na história, e, 35 anos depois, o único sobrevivente do grupo volta ao bairro para descobrir o que realmente aconteceu.

Entre todos os grandes diretores, dois em particular aprenderam a manipular o tempo cinematográfico (a duração de um acontecimento visto na tela, que nem sempre é igual ao que teria a mesma cena na vida real) com uma perícia que superou os demais colegas. Um deles, Alfred Hitchcock, se tornou uma unanimidade. O outro, Sergio Leone, nem tanto. Mas é certo que nenhum outro cineasta a não ser Leone, nem mesmo o mestre inglês do suspense, conseguiria construir uma seqüência tensa e angustiante a partir da mais trivial das imagens do cotidiano: um homem mexendo açúcar numa xícara de café. Esta cena está em “Era uma Vez na América” (Once Upon a Time in America, EUA, 1984). Ela é quase imperceptível dentro da narrativa épica de quase quatro horas, mas ilustra perfeitamente como funciona o cinema operístico – um cinema grandioso, maior que a vida – de Leone.

Trata-se de um momento de confronto entre os dois personagens principais do filme, os amigos Noodles (Robert De Niro) e Max (James Woods). Ambos são mafiosos judeus violentíssimos, que organizaram uma gangue mafiosa em Nova York e dirigem juntos o negócio, mas andam se estranhando. Naquele instante em particular, estão a ponto de brigar – e os demais membros da gangue sabem que se isso acontecer, vai haver sangue. Desta forma, o silêncio dentro da sala é absoluto. Ouve-se apenas o ruído da colher de Max batendo contra as paredes de porcelana branca da xícara. O barulho soa cada vez mais alto. A câmera corta entre planos gerais e close ups dos homens dentro da

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