Era dos Extremos
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Hobsbawm, Eric
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São Paulo, Companhia das Letras, 1995. 598p. resenhado por Frâncio Mendonça Talvez o maior mérito do livro A era dos extremos de Hobsbawm seja transmitir umaforte impressão do tamanho da catástrofe humana que foi o século XX. Catástrofe emrelação às mortandades gigantescas, sem equiparação possível com qualquer períodohistórico anterior. Catástrofe em relação à desvalorização do indivíduo, ao qual, durantelongos momentos do século, foram negados todos os direitos humanos e civis, que haviam sido arduamente conquistados durante o ‘longo século’ precedente: 1789
-1914.Aliás, a impressão de catástrofe é forte justamente porque o período histórico anterior semarcara em todas as mentes como o século que colocara a idéia do progresso comoinevitabilidade, não só em termos materiais, mas também em relação ao avanço dasliberdades, apesar das monarquias e das forças conservadoras, que resistiam tenazmentedesde a Revolução Francesa.Hobsbawm incita à colocação de uma pergunta, que seu livro não consegue responder:como foi possível chegar a isso? Como foi possível descer tanto na escala dacivilização, apesar de uma vitória tão gigantesca para as forças progressistas como aRevolução Russa de 1917? Hobsbawm não pretendia mesmo responder a tudo. Masincitar o leitor a se fazer perguntas dolorosas já é um mérito inestimável. Asdeficiências do livro estão mais no enfoque adotado na abordagem de alguns temasimportantes.O ano de 1917, explica Hobsbawm, pretendia ser o início da revolução mundial. E,desse modo, foi visto por milhões de pessoas, mesmo em países longínquos. Apesardisso, Hobsbawm acha que o mundo não estava maduro para uma revolução proletárianaquele momento. É possível que seja uma suposição válida; e não é fácil provar ocontrário. Mas cabe perguntar: será que algum dia haverá uma revolução que atinjaimediatamente os principais países do mundo? Talvez o problema a resolver não sejapor que a