Equilibrio fiscal
E OS AJUSTES NESCESSÁRIOS PARA A SUA
CONSOLIDAÇÃO
EMERSON LEMOS MARINHO•
O objetivo deste artigo é mostrar que no longo prazo o Plano
Real poderá enfrentar sérias dificuldades. Consegue-se demonstrar através da construção de um modelo macroeconômico estilizado, o qual descreve as características básicas desse Plano, que embora o governo consiga dominar o processo inflacionário, a economia converge para um equilíbrio de steady state com desemprego. A principal suposição adotada para se chegar a essa conclusão é que os agentes econômicos realizam suas expectativas de inflação à Cagan modificada. Desta forma, além das expectativas variarem em função da diferença entre a inflação corrente e a inflação esperada, elas também variam em decorrência do déficit fiscal esperado.
Adicionalmente, mostra-se que quando se pratica uma política de valorização da taxa de câmbio e o PIB apresenta um baixo crescimento em relação a taxa de juros, a dívida interna como percentagem do produto apresenta uma trajetória explosiva.
1. Introdução
A equipe econômica do governo e uma parcela considerável de economistas têm sido unânimes em afirmar que é condição básica para a sustentabilidade do Plano Real, no longo prazo, a implementação de um conjunto de reformas destinadas a restaurar o equilíbrio nas contas do setor público. Contudo, observa-se na literatura econômica corrente uma relativa escassez de estudos que explicitem os limites a que podem chegar políticas de estabilização baseadas em âncoras monetária e cambial, notadamente em uma economia caracterizada por fortes desequilíbrios fiscais.
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Professor Titular do Departamento de Economia Aplicada e do Curso de Pós-Graduação em Economia
- CAEN da Universidade Federal do Ceará.
Este artigo tem dois objetivos centrais. Em primeiro lugar, será construído um modelo macroeconômico, o qual incorporará as características estilizadas do Plano Real. Desta