Epistemologia da EF
Neste texto apresentarei um recorte do contexto social que perpassou entre as décadas de 1930 e 1940, no Brasil, referenciando de que maneira este contexto pôde influenciar na concepção de corpo, suas repercussões na disciplina de Educação Física (EF), e posteriormente, a crise epistemológica do campo e alguns apontamentos acerca de propostas de soluções/debates, desta crise.
Nas décadas de 1930 e 1940, o Brasil estava vivenciando transformações significativas em decorrência da transição do seu modelo econômico, essa transição exigia novas posturas, novos comportamentos de homens e mulheres. Este período de expansão das indústrias e investimentos na educação das elites necessitou de um processo de consolidação de uma raça forte, otimista, produtiva que incorporasse estes ideais para construção de um Brasil novo. Os valores dominantes desta época fomentavam a formação do homem para o trabalho, preparado para atender as demandas capitalistas que iam se instalando no país. É neste momento que a racionalidade científica se afirma como forma legítima de organização do poder e a economia capitalista baseada na indústria, emerge e se consolida.
O corpo nesta época era visto, como um importante investimento para o desenvolvimento dos princípios da modernidade. Somente o corpo sadio, robusto e controlado, seria capaz de atender as demandas deste novo contexto social. O corpo era estudado como fenômeno biológico, por meio de conhecimentos científicos, tal como Castellani Filho (apud PAIVA,ANO,PG) aponta para a tendência da biologização1 da EF.
O Estado estava interessado em um corpo disciplinado, num homem capaz de controlar seus impulsos e excessos, a “máquina humana”, como diziam naquela época, deveria ser potencializada para atender os interesses do capital diante da produção. O campo da EF vai se engendrando e caracterizando como um meio social de disputas sobre as formas autorizadas de pensar e orientar certos “modos” de educação