Epidemiologia da hipertensão
Artigos
Epidemiologia da hipertensão arterial sistêmica e da insuficiência cardíaca no Brasil
Ínes Lessa
Resumo A hipertensão arterial (HA) é a morbidade mais comum na população adulta e freqüente nos serviços de emergência no Brasil; a insuficiência cardíaca (IC) é a primeira causa cardiovascular de hospitalização no país. Em revisão da literatura nacional sobre a epidemiologia da HA, a maioria dos estudos continua procedendo das regiões Sul e Sudeste, e a Norte continua sem nenhuma informação de base populacional. As prevalências da HA são, na maioria, acima dos 25%, predominando no sexo masculino, e os principais fatores de risco não diferem dos de outros países. A epidemiologia da IC é desconhecida no Brasil. Dados oficiais sobre hospitalizações refletem parte da morbidade e referem-se aos 2/3 da população atendida pelo SUS (70%), estimando-se que 58 milhões dela sejam adultos ≥ 20 anos. As hospitalizações pela IC predominam
nos homens, sendo maior 1,8 vez do que por doenças cerebrovasculares, 2,5 do que para doença arterial coronária e 3,3 vezes mais do que para doenças hipertensivas. Para as mulheres, seguindo a mesma ordem, os valores são: 1,9, 3,3 e 2,0. Para uma média de 5,9 dias de hospitalização, a taxa de letalidade intra-hospitalar pela IC é de 10% para os homens (variação entre 8,1% e 16,3%) e para mulheres de 6,0%, para o mesmo tempo médio de hospitalização. As informações sobre IC sugerem que a doença é de elevada prevalência no Brasil, tendo em vista que os dados referem-se às formas mais graves da doença. Por analogia com as doenças cerebrovasculares, a hipertensão deve ser o mais importante dos seus fatores de risco, desde quando a doença arterial coronária é a menos freqüente das hospitalizações cardiovasculares no SUS. Recomenda-se que estudos epidemiológicos de base populacional sobre IC sejam realizados a curto prazo.
Palavras-chave: Hipertensão arterial; Insuficiência cardíaca; Epidemiologia; Hospitalizações.
Recebido: