Entrevista Gordon Wood
Gordon Wood argumenta que ser americano não é ser alguém, mas acreditar em algo, vindo daí a capacidade de lidar com imigrantes, diferenciando-se de países europeus, que tem valores referenciais tribais. Também argumenta que o que mantém essa sociedade americana e seu estilo de vida seria o apelo à liberdade, à igualdade e o respeito a constituição.
Quando é indagado sobre o papel estadunidense nas ditaduras militares na América do Sul, Wood remete a revolução bolchevique de 1917 e sobre seus efeitos nos EUA. Com a ascenção dos bolcheviques ao poder, os Estados Unidos se viram ameaçados de perder seu papel principal como vanguardista da História, papel que lhe foi dado a partir da Revolução Americana. Ou seja, a revolução russa, que no início foi bem recebida na América passa a se tornar uma ameaça. Os EUA com medo da onda comunista na América do Sul financiou várias ditaduras, justamente para evitar a entrada do comunismo ao sul do continente.
Quanto ao exepcionalismo americano, Gordon Wood discorre que desde a fundação do país existem valores de promoção do modelo de democracia para outros países, que na época eram monarquias. Os EUA surgem como o primeiro governo democrático das Américas. Havia então um sentimento de levar a democracia a outros lugares, como Wood discorre sobre o discurso de John Winthrop em 1630, no qual diz que seríamos “uma cidade no alto da colina”. Winthrop se referia ao cristianismo reformado americano, mas Wood diz que o povo toma esse discurso como manifesto democrático e o incorpora como forma de identidade e de nação.