Entrevista com D'Ambrósio
Para uma abordagem multicultural: o Programa Etnomatemática
Nuno Vieira entrevista Ubiratan D’Ambrósio
O Movimento das Etnomatemáticas surgiu no Brasil, em 1975, a partir dos trabalhos de base etnoantropológica de Ubiratan D`Ambrósio. Os primeiros passos desta “nova matemática” foram dados a conhecer à comunidade científica na V
Conferência do Comité Interamericano de Educação Matemática, em Campinas,
1976. Em 1985, o movimento alargou suas fronteiras, internacionalizando-se com a fundação do Grupo de Estudo Internacional sobre Etnomatemática (ISGE).
Para D’Ambrósio, “Etnomatemática é o reconhecimento de que as ideias matemáticas, substanciadas nos processos de comparar, classificar, quantificar, medir, organizar e de inferir e de concluir, são próprias da natureza humana”.
Assim, a Matemática é “espontânea, própria do indivíduo” e moldada pelo “meio ambiente natural, social e cultural” em que este se insere.
É possível encontrar elos comuns a todas as Etnomatemáticas e, com a mesma facilidade, estabelecer factores que as distingam e as tornem próprias e singulares.
A Didáctica da Matemática académica é, filosófica e historicamente, um produto da Bacia Mediterrânica, resumindo-se a um treino para atingir resultados em testes nacionais e internacionais, “minimizando ou mesmo ignorando as funções primordiais da Educação”. Em oposição, a “Didática da Etnomatemática visa a
Educação”.
Ubiratan D’Ambrósio, Professor Emérito de Matemática da Universidade
Estadual de Campinas / UNICAMP, nasceu em São Paulo a 8 de Dezembro de 1932.
É Doutor em Matemática pela Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de S. Paulo (1963), e pós-doutorado na Brown University, EUA (1964-65).
Actualmente, é professor do Programa de Estudos Pós-Graduados de História da Ciência da Pontifícia Universidade Católica de S. Paulo (PUC); professor credenciado no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da
Universidade de S. Paulo; professor