Entre a vida e o crack.
Estatuto da Criança e do Adolescente inspira um novo olhar para as políticas públicas sobre drogas
Estatuto da Criança e do Adolescente completa 20 anos de sua criação. Entre turbulências e catástrofes ambientais em todo o planeta, 2010 finaliza a primeira década do novo século com eventos marcantes: Copa do Mundo, eleições no país para candidaturas majoritárias a presidente, deputados e senadores .
Enquanto libera recursos para socorrer as regiões brasileiras castigadas pelas enchentes, o governo federal anuncia um plano de combate ao crack, droga que se alastrou de forma epidêmica por Cracolândias de todo o país e virou manchete na mídia. Calcula-se em cerca 1,2 mil o número dependentes de crack espalhados por todas as regiões brasileiras.
O presidente Lula anunciou, em junho, a liberação de R$410 milhões para ações contra o uso de entorpecentes, sendo que R$120 milhões destinados ao enfrentamento do tráfico, R$100 milhões para reinserção do dependente, R$100 milhões na prevenção e pesquisa, e R$90 milhões na ampliação do número de leitos nos hospitais.
Construir uma política pública para o Brasil focada nas drogas parece tão complexo quanto humanizar o SUS, que faz um mau gerenciamento dos poucos recursos que tem para atender 140 milhões de cidadãos brasileiros.
Dados da Universidade Federal Paulista ( Unifesp) apontam um crescimento de 42% no número de viciados em crack que procuraram tratamento entre 2005 e 2009 no Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad). Nos últimos meses, a mídia tem noticiado o crescimento desenfreado da droga. Em reportagem veiculada em uma revista semanal paulistana, o crack, antes relegada às classes pobres, a droga ascendeu socialmente, na última década, atingindo em cheio as classes A e B. Para o tratamento, internação e recuperação dos viciados na droga, cujos efeitos são fulminantes, este segmento conta com uma infraestrutura de convênios, hospitais, clínicas