Entre a ciência e a crença
Entre a ciência e a crença: A postura médica frente à “Cura Religiosa”
Doralice Inocêncio*
RESUMO
Nesse trabalho procuramos investigar as relações entre os campos da religiosidade coletiva e as práticas médicas. O objetivo principal foi verificar até que ponto a formação acadêmica na área da saúde tem capacitado ou não, e se interfere ou não, na relação médico-paciente e de que forma esses atores interpretam os binômios saúde/doença, vida/morte. Para tanto utilizamos os instrumentais teóricos pertinentes à sociologia e à saúde coletiva. Foram aplicados questionários com a finalidade de levantar as concepções existentes, e entrevistas semi-estruturadas com as quais se buscou apontar experiências médicas e vivências práticas sobre a problemática em estudo. Procuramos debater as concepções destes profissionais sobre as chamadas ¨práticas alternativas¨, ou ¨práticas populares¨. Discutimos ainda a problemática do atendimento médico frente ao imaginário religioso da clientela, muitas vezes permeado por um mundo mágico capaz de alterar diferentes concepções quanto ao processo de adoecer e morrer. Analisamos ainda, como essa variável pode interferir na prática médica. Palavras-chave: Medicina e crença popular; Práticas terapêuticas médicas; Práticas terapêuticas populares ou alternativas
Introdução
Uma retrospectiva histórica no campo da saúde nos leva a perceber que o processo saúde/doença sempre foi acompanhado de crenças e rituais, os mais diversos, ligados a questões transcendentes, ao sobrenatural. O homem primitivo atribuía a doença pessoal e coletiva ao castigo dos Deuses em decorrência de alguma má conduta ou possível ofensa aos mesmos. Historicamente podemos constatar o registro de várias interpretações e através deste podemos perceber que as representações simbólicas neste campo trazem determinados elementos peculiares segundo cada civilização. Mesmo respeitando as especificidades de cada cultura,