Enter the Void: O Olho Privado e Seu Duplo
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE ARTES E COMUNICAÇÃO
LUCAS SCALON
ENTER THE VOID:
O OLHO PRIVADO E SEU DUPLO
SÃO CARLOS
2012
LUCAS SCALON
ENTER THE VOID:
O OLHO PRIVADO E SEU DUPLO
Trabalho apresentado à disciplina de Teoria do Audiovisual II do 3º semestre do curso de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos sob orientação de Flávia Cesarino Costa.
SÃO CARLOS
2012
Introdução
“(...) quando eu tinha uns 23 [anos], assisti a A Dama do Lago [The Lady in The Lake, Robert Montgomery, 1947] usando cogumelos. É um filme inteiro filmado do ponto de vista do personagem principal e, sob o efeito da psilocibina, eu fui transportado para a TV e para a cabeça de Marlowe, mesmo que o filme seja em preto e branco e legendado. Eu achei aquela técnica de filmagem através dos olhos do personagem o artifício cinematográfico mais bonito que possa existir e se um dia eu fosse fazer um filme sobre a vida após a morte, eu iria filmar através da visão subjetiva do personagem.” (NOÉ, 2009) (tradução e grifo do redator) Em entrevista a Nicolas Schmerkin em 2009, quando seu filme é selecionado para o Festival de Cannes, Gaspar Noé revela sua inspiração para a criação do filme Enter The Void (Gaspar Noé, 2009). A Dama do Lago, do diretor Robert Montgomery, narra a investigação feita pelo detetive particular Phillip Marlowe do desaparecimento de uma mulher que, supostamente, teria fugido para o México, mas como ele vai descobrindo através do seu trabalho, o caso é muito mais complicado e começa a envolver assassinatos. Para contar a história adaptada do livro de Raymond Chandler, Montgomery se utiliza de um artifício raro no cinema: tentando reproduzir a forma em que o livro é narrado, em primeira pessoa, o diretor filma todo o filme em primeira pessoa. Arlindo Machado, no capítulo O olho privado e seu duplo, do livro “O sujeito na tela: modos de enunciação no cinema e no ciberespaço”,