Entenda o mega ataque químico hoje na Síria
Com atualização em negrito e itálico
O dia de hoje é um dos mais tristes da história recente do Oriente Médio. Dezenas ou mesmo centenas de pessoas foram mortas em ataque químico nos subúrbios de Damasco. A oposição acusa o regime de Bashar al Assad, que nega ser responsável. A Rússia e o governo sírio acusam os rebeldes que também negam. As cenas abaixo exibem os corpos das pessoas mortas nesta deprimente operação, que ocorre justamente durante a presença de inspetores da ONU para verificação do uso de armas químicas no conflito.
Pela lógica, o regime de Assad não usaria este arsenal agora por pelo menos quatro motivos. Primeiro porque o regime vem ganhando a guerra e não existe nenhuma necessidade de se desesperar. Em segundo lugar, as forças de Assad sabem que podem matar uma ilimitada quantidade de pessoas sem correr o menor risco – a administração de Barak Obama considera apenas o uso de armas químicas como um divisor de águas. Terceiro, a ação ocorreu nos subúrbios de Damasco, quase integralmente controlados pelo regime, embora esta zona esteja nas mãos de rebeldes. Por último, por que atacar justamente com a presença de inspetores da ONU?
Regimes ditatoriais, porém, agem muitas vezes irracionalmente ou dentro de uma racionalidade difícil de entendermos. Na semana passada, o regime do general Sisi matou quase mil pessoas em massacres no Cairo. Não havia necessidade desta matança para acabar com os protestos, ainda que violência, tortura e prisões fossem usadas. Mas, mesmo assim, os massacres ocorreram.
Neste sentido, a primeira possibilidade é o regime de Assad simplesmente ter decidido usar as armas químicas como demonstração de força. Na região, mostrar ser o mais forte muitas vezes atrai apoio popular, como vemos no Egito. E o regime sírio já agiu de forma totalmente irracional no passado. Uma segunda possibilidade seria escalões mais baixos do regime terem usado o arsenal a revelia de Assad.
Análise de um