ensaio a crítica grande sertão veredas
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RESUMO: Propomos discutir como Os sertões foi incorporado, pela crítica, como obra de literatura e como, posteriormente, o romance Grande sertão: veredas passou a ser lido como ensaio. Para tanto, examina-se, de um lado, em vários estudos, como o primeiro foi consagrado como obra compósita, pertencendo, ao mesmo tempo, ao campo da literatura, da sociologia e da ciência, o que se tornou moeda corrente e cânone quase inquestionável, sobrevivendo por mais de um século. De outro lado, investiga-se como a narrativa rosiana passou a ser vista, por uma determinada vertente da crítica, como ensaio ou estudo das relações de poder no Brasil. É essa indistinção, paradoxal, entre sociologia e literatura, ciência e fi cção que nos propomos investigar e problematizar, buscando compreender tal embaralhamento de gêneros.PALAVRAS-CHAVE: Grande sertão: veredas. Os sertões. Ficção. Sociologia. Ensaio. Crítica. Questões derivadas das peculiaridades da literatura e da sociologia histórica ou da distinção entre fi cção e ciência continuam recorrentes, levando a indagações e gerando controvérsias teóricas e analíticas. Exemplo disso é o fato de o livro-ensaio de Euclides da Cunha, Os sertões, ser considerado pela crítica, ao longo do tempo, como obra de literatura e de, posteriormente, o romance Grande sertão: veredas de João Guimarães Rosa ser lido como ensaio. Entendemos que o exame desse problema é não só relevante como oportuno. Nesse sentido, buscamos expor, na sua historicidade, como, de um lado, o primeiro foi consagrado com o status de obra compósita, pertencendo, ao mesmo tempo, ao campo da literatura, da sociologia histórica e da ciência – caracterização inaugurada por José Veríssimo, logo após seu lançamento, e que se tornou moeda corrente e cânone quase inquestionável, sobrevivendo por mais de um século. De outro lado,