Ensaio sobre a cegueira
Aflição, na minha opinião de espectadora, é a palavra que melhor descreve essa obra feita por Saramago e reconstituída por Fernando Meirelles.
É a história de uma epidemia chamada de “cegueira branca”, pois não é uma cegueira comum onde todas as luzes se apagam e se vive em escuridão, mas sim uma cegueira aonde, de repente, um mar de branco inunda os olhos da pessoa. Essa “doença” contagiosa leva todos ao desespero fazendo com que uma medida despreparada e apressada seja tomada. Em um ato desumano, por assim dizer, os infectados são isolados dos demais sem o menor amparo ou preocupação, como uma forma de se livrar do problema. São largados à mercê do mundo, sofrem com a falta de higiene, falta de comida, falta de tudo. Começam a viver por instinto de sobrevivência e, mesmo procurando dentro deles o que ainda sobrava de moral, viram animais. Todos os confinados são submetidos a isso, nenhum tem escolha, tão precárias são as condições. Brigas e conflitos são inevitáveis até o ponto de um regime autoritário e extremo iniciado por um deles aonde, além de já estarem passando por tudo aquilo, os outros deveriam se submeter a ele e seu grupo em troca de comida. Até que não se tem mais controle e a epidemia é espalhada por toda a sociedade.
O filme é narrado em partes por um dos personagens, o homem negro com um tapa-olho, e mostra como os homens se transformam perante o desconhecido, perante o medo. Primeiro vemos como existem pessoas que se aproveitam das outras mesmo estas estando em situações difíceis e, em seguida, a despreparação de um Estado que,