Ensaio sobre a cegueira
O pós-modernismo é a versão atual do desespero humano. A religião, a filosofia e a ciência jamais conseguiram dar ao homem a certeza absoluta. O homem se desespera, refuta vários séculos de teorias, pega todas as tentativas de explicação e joga no lixo, ou melhor, armazena-as em um lugar chamado mente. Essa abdução ocasiona o advento do tudo, ou do nada, o surgimento do pós-modernismo.
A modernidade surge como a panacéia dos homens, porém uma overdose causará a destruição. Não do corpo, e sim, da essência humana. A modernidade era caracterizada pela confiança na razão, pela crença em transformações sociais e pelo desejo de aplicar teorias abstratas de forma mecânica à realidade. O pós-modernismo irá resgatar os ideais banidos e cassados por nossa modernidade racionalizadora. Essa busca constante por esses ideais é que vai caracterizar o sujeito pós-moderno: irracional, cético, hedônico, depressivo, consumista fervoroso, afetação sentimental, etc.
Em Ensaio sobre a cegueira, José Saramago utiliza-se de um infortúnio para revelar a essência humana que sempre esteve oculta. “Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso”. Palavras de José Saramago, na apresentação pública do seu romance Ensaio sobre a Cegueira. Na obra citada, José Saramago tenta persuadir o leitor de que somos maus, porém dá à mulher do médico, personagem da obra, a peculiaridade de benévola. Atribuindo aos personagens características modernas e pós-modernas, ele revela-nos aquilo que somos, e que não somos. No decorrer dessa análise identificaremos essas características