Ensaio: carnavalização segundo bakhtin
Bakhtin desenvolveu o conceito de carnavalização, e o identificou intrinsecamente ligado à cultura popular, pois esta tende a ridicularizar, parodiar e subverter a seriedade, os rituais fechados. O autor apresenta uma análise da obra de François Rabelais para a questão do carnaval e da carnavalização.
Ao se pensar em carnaval, têm se a ideia simplista de que ele se resume a mulheres seminuas, enfeitadas de plumas e paetês, sambando e esbanjando moleza e sensualidade. Pensa-se em carros alegóricos enormes que atravessam o sambódromo e o preenchem de efeitos especiais, ou ainda, se lembrar dos foliões que nos clubes ou nas ruas, são embalados por marchinhas tradicionais (antigas). Certamente são elementos que fazem parte do Carnaval, principalmente o brasileiro, mas enquanto manifesto popular, há outras significações para além dessa síntese.
A história do carnaval e suas variadas manifestações, em diversas partes do mundo, portanto podemos pensá-lo como um acontecimento simbólico. Podemos notar dois posicionamentos: um de que o carnaval sofreu certa transformação com relação ao que acontecia antigamente, mas que guarda ainda os fundamentos da festa (primórdios da Idade Média e Renascentista); o outro há uma opinião de que o carnaval moderno se modificou tanto, que em nada se relaciona com as festividades antigas, pois está influenciado pelo capitalismo e pela mídia.
Alguns teóricos colaboram para a elucidação desse fenômeno, visto como linguagem e como prática social e cultural, e que mudam no decorrer do tempo, pois ganham novas reformulações e ressignificações. Sendo assim, resgatemos as contribuições feitas por Mikhail Bakhtin sobre carnavalização, que contribuem para a sua compreensão como fenômeno cultural e literário.
O teórico russo se aprofunda nos textos de Rabelais especialmente Gargantua e Pantagruel, fazendo uma minuciosa análise, e investiga a fundo o conceito de carnavalização, a representação da cultura