engenharia
Para iniciar, perguntamos por que o engenheiro, apesar de viver da venda da sua força de trabalho, e de não ser proprietário dos meios de produção,
tende a assumir um papel de
defensor
dos interesses do capital e não do
trabalho?
Diversos autores tentaram responder essa pergunta. Kawamura, por exemplo, adotando a matriz teórica gramsciana, analisa o papel do engenheiro na infraestrutura econômico-produtiva da sociedade, enquanto classe auxiliar dos detentores dos meios de produção. Como seria de esperar, tem crescido ao longo do tempo a necessidade de capacitar os engenheiros para o exercício dessa autoridade que garante sua posição de “administrador do capital” e de “controlador da força de trabalho” (1981). Em conseqüência, teríamos hoje chegado a uma etapa em que a acumulação flexível do capital estaria forçando a educação tecnológica a um balanço entre a dimensão técnica e a dimensão comportamental, aquela que fornece as habilidades atitudinais necessárias ao exercício daquela autoridade, francamente enviesado para esta última. Segundo Shiroma (1998, p.51) nunca foi tão importante na formação e nos requisitos de “empregabilidade” do engenheiro habilidades (como comunicação, relações interpessoais, solução de problemas e processos organizacionais) exigidas pela nova forma – flexível - de organização e gestão do trabalho.
No plano superestrutural, ela atribui ao engenheiro um papel essencial à perpetuação da ideologia dominante, contribuindo para a “naturalização” e a reprodução da sociedade de classes. O capitalismo é apresentado no âmbito dessa ideologia como um modo de produção a-histórico, eterno, como se a sociedade capitalista não tivesse seu processo de surgimento e expansão histórica e socialmente referenciados.
o p a p e l d o e n g e n h e i r o . . .
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David Noble (2000), um autor que nos parece central para analisar o tema proposto, vai mais longe. Depois de afirmar que a