Empresa Familiar
Sociedade
Curso para pacificar herdeiros
As empresas familiares recorrem a consultores para ensinar às novas gerações quando assumir o negócio ou buscar seus próprios caminhos
Sandra Brasil
O momento da sucessão empresarial é sempre tenso pois, mesmo em se tratando de grandes grupos, as disputas são inevitáveis. Com freqüência desaba o tradicional enredo do processo sucessório das empresas familiares, em que o filho mais velho sucede o pai, os demais assumem cargos menos importantes e as filhas ficam placidamente à margem dos negócios, aplacadas por seu generoso quinhão, deixando aos irmãos os assuntos administrativos. Na geração em que um ou dois herdeiros se multiplicam em uma dezena de primos que não se dão, noras ciumentas, genros ambiciosos e outras figuras arquetípicas do panteão familiar, o negócio corre risco. Para evitar desfechos desastrosos, muitas empresas procuram ajuda externa. Cursos e consultorias montados especificamente para a formação de herdeiros estão prosperando e ajudando grupos familiares a destravar os nós sucessórios. Nos últimos seis anos, pulou de 170 para cerca de 1.000 o número de jovens inscritos nas três principais "escolas de herdeiros" do país.
"Ao contrário do primogênito da rainha da Inglaterra, que está fadado ao trono, um herdeiro de empresa familiar pode, sim, deixar de gerir o negócio da família e escolher outra atividade profissional. Mas ainda assim ele tem de saber administrar sua herança", diz Elismar Álvares, coordenadora do programa de desenvolvimento de acionistas da Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, do qual participam hoje 240 herdeiros de 27 empresas. Criado seis anos atrás, com sessenta alunos de sete companhias, o curso de treinamento da Dom Cabral tem duração de dois anos e custo médio de 60.000 reais. Uma amostra de seu funcionamento pôde ser vista no mês passado, quando trinta alunos de seis empreendimentos familiares se reuniram para dois dias de