Empoderamento feminino como meio para a redução das desigualdades de gênero
Ivan Beck Ckagnazaroff
A condição feminina é objeto de grande interesse desde a década de 60, quando os movimentos sociais sacudiram valores e comportamentos e esse interesse decorre do fato de que mesmo nas sociedades em que as mulheres desfrutam de certo respeito e poder social, o domínio masculino ainda se sobrepõe, e as mulheres se mantêm distantes dos centros de decisão, salvo raras exceções. Assim, embora o grau de subordinação feminina varie de uma cultura para outra, a dominação masculina é ainda hoje, um fato (BAHIA e FERRAZ, 1999).
Há séculos as mulheres vivem em situação de desigualdade em que as relações sociais e o sistema político, econômico e cultural criaram uma relação de subordinação das mulheres em relação aos homens. Existem diferenças sistemáticas nas liberdades que homens e mulheres desfrutam e que freqüentemente não são redutíveis a diferenças na renda ou recursos. As disparidades de gênero são sustentadas principalmente pela divisão sexual do trabalho, pelo controle do corpo e da sexualidade e pela exclusão das mulheres dos espaços de poder e de decisão. Durante muito tempo esta situação foi tratada como natural e imutável, configurando-se como uma das formas de perpetuar a opressão sobre as mulheres.
Para Evelyne Sullerot (1988), a primeira causa de diferenciação da mulher na sociedade é o fato de ela gerar e amamentar os filhos, além de ser considerada fisicamente mais fraca que os homens. Essa diferenciação fisiológica gerou uma divisão das tarefas de forma arbitrária: além de gerar e cuidar dos filhos e das tarefas domésticas, as mulheres também produziam alimentos, cuidavam da horta, realizavam partos e fabricavam remédios naturais. Ainda ficavam responsáveis por fiar, tecer, fazer sabão, etc (SULLEROT, 1988). O problema dessa divisão de tarefas é que engravidar e amamentar não se caracterizam como trabalho, mas como funções