Embates pela história: diálogos entre lévi-strauss e braudel
Claude Lévi-Strauss, ao lado de Fernand Braudel, são considerados por vários estudiosos das ciências humanas dois dos maiores expoentes dos estudos da sociedade no século XX. Não obstante o mérito ou o valor da produção de cada um deles para a História, Lévis-Strauss foi quem conduziu a prática antropológica numa dimensão que podemos comparar à de Durkheim em relação à sociologia (Busadin: s.d.). Seus trabalhos, lidos tanto por historiadores quanto por antropólogos, além de fazerem parte do grande sucesso de vendagem experimentado pelas ciências humanas na Europa, especialmente na França e Alemanha, entre 1965 e 1985, quando as obras históricas e antropológicas vendiam mais, mesmo entre o público leigo, que os romances e crônicas são, ainda hoje, fonte inestimável de conhecimento teórico e metodológico.
É importante destacar que Fernand Braudel e Claude Lévi-Strauss lecionaram na mesma época na Universidade de São Paulo. Foi neste entremeio que se conheceram e iniciaram uma longa e produtiva, ainda que por vezes ríspida, mas sempre respeitosa relação de trocas metodológicas. Podemos dizer, guardadas as proporções, que os fins almejados por ambos eram, senão os mesmos, ao menos muito próximos, mas os meios para atingir este fim – a saber, uma metodologia comum das ciências humanas, ora sob domínio da antropologia, ora da história – é que divergiam. Apesar desta incessante busca de manter, no caso de Braudel, e ascender, no caso de Lévi-Strauss, sua disciplina ao topo das ciências humanas, nas relações pessoais estes grandes intelectuais se respeitavam muito. Este repeito mútuo fica bastante claro no episódio que, diante das diferenças, metodológicas e principalmente pessoais, entre Arbousse Bastide e Lévi-Strauss, na mesma Universidade de São Paulo, Braudel sai em defesa deste último, fazendo uso da autoridade de que já gozava, e evita seu afastamento da instituição (Passeti: 2008).
Vale aqui ressaltar que, neste texto, vamos nos focar nos pontos em