Eja e o processo de letramento
Mariela Magali Faller A Educação de Jovens e Adultos nos convida a olhar para a História da Educação no Brasil, pois descortina uma dívida social, especialmente no que tange aos processos de exclusão social e econômica a que estiveram submetidos a maior parte dos cidadãos brasileiros. Por conseguinte, nos remetemos ao precursor da pedagogia crítica, Paulo Freire, que na década de 60, alcançou um feito inédito ao alfabetizar 300 adultos em 45 dias no Rio Grande do Norte. Sua proposta pedagógica como práxis cultural contribui para revelar a ideologia encoberta na consciência das pessoas. Freire provou que é possível educar para responder aos desafios da sociedade, ou seja, a educação deve ser um instrumento de transformação que tem como essência o diálogo entre homens, mulheres e o mundo. Neste contexto, quando o homem e a mulher se percebem como fazedores de cultura, está vencido, ou quase vencido, o primeiro passo para sentirem a importância, a necessidade e a possibilidade de se apropriarem da leitura e da escrita. Estão, politicamente, alfabetizando-se. Um pouco depois do período mencionado acima, na metade dos anos 80, em países desenvolvidos, passou-se a ter uma nova perspectiva sobre a prática da leitura e da escrita: o letramento. O Brasil, país emergente e com suas presumidas identidades apresenta uma linha divisória entre os brasileiros: alfabetizados/analfabetos, letrados/iletrados. Magda Soares esclarece que alfabetizado é aquele que apenas aprendeu a ler e escrever e que letrado é o indivíduo que aprendeu a ler e escrever e adquiriu o estado ou a condição de saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente. A EJA não é algo novo, porém, somente nos limiares da década de 90, o Governo Federal passou a fomentar e intensificar na medida do possível, através de decretos e resoluções a educação de base para aquelas pessoas que não receberam ou não concluíram a educação primária.