Educação e diversidade cultural
Juliana Rochet
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e Ana Pires do Prado
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A idéia da diferença como uma força destrutiva e desagregadora não é recente. A literatura universal é repleta de obras que tratam do tema do estrangeiro
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. Em tais relatos, o convívio da personagem central com sentimentos de solidão, hostilidade, indiferença ou desamparo são freqüentes e indicam uma relação permanente de não-pertencimento ao grupo, cujas normas de convívio ou padrões estabelecidos depreciam ou ignoram aspectos físicos e subjetivos de sua existência. 1 Mestre e Doutoranda em Política Social pelo Programa de PósGraduação em Política Social da Universidade de Brasília. Professora do
IESB.
2 Doutora em Antropologia pela Universitat Autonoma de Barcelona.
Professora do IESB.
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Algumas obras literárias que retratam o sentimento de ser estrangeiro:
“O patinho feio”, de Hans Christian Andersen; “O Estrangeiro”, de Albert
Camus; “A metamorfose”, de Fraz Kafka; “O corcunda de Notre-Dame”, de
Victor Hugo, entre outras.
Isso leva à conclusão de que, para considerar algo ou alguém diferente, é preciso partir de uma comparação com algum tipo de padrão, norma ou expectativa cultural vigente em determinado grupo. As sociedades estabelecem os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos considerados comuns para os membros dessas categorias. Essas pré- concepções são transformadas em rígidas prescrições normativas (GOFFMAN, 1988), que impactam diretamente nas relações sociais.
Em outras palavras, quando a cultura define no que consiste o sucesso ou a perfeição desejável em qualquer aspecto – na forma física, no poder econômico, no comportamento, na masculinidade, na feminilidade, na crença religiosa, na “raça”, na idade – formam-se expectativas correspondentes e tendência à avaliação em todos os seus membros. A partir da perspectiva cultural, as diferenças são, também (e, sobretudo), externas e