"Educação, trabalho e desenvolvimento"
Elenice M. Leite*
O tema — educação, trabalho e desenvolvimento — não é novo na literatura educacional. Pode-se localizar, pelo menos desde os anos 70, vasta produção a respeito, embora com diferentes ênfases ou enfoques.
Mais recentemente, desde o início dos anos 90, pode-se destacar três eixos nesse debate, em torno dos quais se estrutura a maior parte dos ensaios aqui reunidos:
— as mutações e novas configurações do trabalho na sociedade moderna; — a constituição de um novo paradigma técnico-econômico, implicando reestruturação do setor produtivo e definição de novas trajetórias organizacionais;
— o papel da educação nesse processo, não como um "capital humano", mas como base do resgate da qualificação no processo de trabalho e da própria construção da cidadania.
* Socióloga, secretária adjunta de Formação e Desenvolvimento Profissional do
Ministério do Trabalho.
Em Aberto, Brasília, ano 15, n.65, jan./mar. 1995
Trabalho: mutações e multidimensionalidade
As abordagens da crise da sociedade moderna, a partir dos anos 70, colocaram em xeque a própria categoria trabalho. Segundo uma dessas abordagens, a da chamada Escola de Frankfurt, a sociedade moderna, constituída e estruturada pela força paradigmática do trabalho, teria perdido seu eixo à medida que o próprio trabalho se esvazia de significado. Este diagnóstico, aqui sem dúvida bastante simplificado, da crise da
"sociedade do trabalho", é elaborado por Hannah Arendt (1983) no estudo da "condição humana" no final dos anos 50, e retomado por
Habermas (1987), na tese do esgotamento da utopia do trabalho, no início dos anos 80 .
Nessa linha, Offe (1989a e 1989b) propõe a tese da "implosão" no conceito de trabalho, além de fraturas no próprio fenômeno, que levariam a uma mudança no "paradigma do trabalho" para o da
"comunicação" ou da "ação comunicadora — na linha an-tevista por