EDUCAÇÃO - PRÁTICA SOCIAL
Francisco José da Silveira Lobo Neto ∗
Uma discussão da educação e da relação pedagógica só é possível na medida em que a situamos como prática social. A prática social não pode ser vista, simplesmente, como uma atividade que se manifesta como fenômeno ou fato, mas como todo um conjunto de atividades humanas que se diferenciam de qualquer comportamento simplesmente “natural”.
Preliminarmente, é importante esclarecer que, ao afirmar a educação como prática social, não se está negando o fato da educação se realizar, radicalmente, como um evento pessoal. E, na pessoa humana, a dimensão individual implica necessariamente a dimensão social, assim como o social necessariamente se constitui numa radical referência ao individual.
Aliás, só há prática humana – mesmo quando
“praticada” por uma só pessoa - quando nela se identifica uma dimensão social. Isto porque ela sempre estará inserida no processo cultural, produzido historicamente.
Isto é, produzido na relação de interação intencional entre os seres humanos, e na relação de homens e mulheres entre si, com a natureza e com o mundo das coisas, isto é com a realidade total, na qual se inserem os processos e produtos decorrentes tanto da relação entre os seres humanos, quanto os que são criados pela relação transformadora de homens e mulheres com a natureza.
Assim, ainda que o ser humano tenha uma atividade de busca de alimento para saciar sua fome – o que é natural –, nele essa mesma atividade é prática, porque mobiliza, para além de sua capacidade de sentir a fome e de buscar saciá-la, sua consciência, sua intencionalidade. A caça ou a pesca, portanto, são um fazer consciente e intencionado, implicando necessariamente estabelecimento de raciocínios, relações, reflexão, abstração, significação.
É necessário ainda registrar que nenhuma prática, justamente por ser humana, pode prescindir de elementos teóricos. Ela é atividade que incorpora uma reflexão sobre o mundo,