Educação popular
Escrito por Jade Percassi
Pretendemos com este trabalho contribuir para a investigação do papel desempenhado hoje pela educação popular nos processos de militância e participação nos movimentos populares, e sua possível repercussão sobre a cultura política dos sujeitos pertencentes aos coletivos estudados. Procuramos para isso identificar a importância atribuída à educação pelos movimentos populares estudados em suas propostas de atuação, as instâncias em que são desenvolvidas as atividades de educação/formação, quem são e como atuam os agentes educadores e, finalmente, qual a percepção desse processo por parte dos participantes das bases dos movimentos. Escolhemos como estudos de caso o Assentamento Comuna da Terra Dom Tomás Balduíno e o Mutirão Paulo Freire, comunidades da base do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo situadas na região da Grande São Paulo. Para a análise sobre as opções metodológicas adotadas, inserimos na discussão os pressupostos políticos pedagógicos de atuação dos agentes educadores do Movimento de Economia Solidária.
Palavras-chave: educação popular, movimentos populares, autogestão, emancipação, participação política, cultura política.
“Cantamos porque llueve sobre el surco y somos militantes de la Vida y porque no podemos, ni queremos dejar que la canción se haga cenizas.”
(Mario Benedetti – Por que cantamos)
Um pouco de história (essa história não começa onde eu começo!)
A construção por auto-organização popular é um fenômeno presente historicamente no Brasil, tanto nas zonas rurais quanto nas periferias urbanas, diante dos baixos salários, dos altos aluguéis e da especulação imobiliária. Datam de 1940 os primeiros núcleos de ocupações irregulares em São Paulo (Bonduki, 1998), frutos da urbanização e da falta de alternativas habitacionais, e