Educação libertadora
Casemiro de Medeiros Campos*
A grandeza do pensamento de Paulo Freire, sem dúvida um dos mais significativos intelectuais do século XX, homem de reflexões profundas sobre o nosso tempo e de posições e práticas desafiadoras, revolucionou a educação tornando-se exemplo para as futuras gerações.
Sua vida é exemplo de luta. Foi marcada por situações de extrema amargura. Imagine-se que no momento em que o seu método de alfabetização mais poderia contribuir com a vida do povo pobre e analfabeto, e daí promover uma completa transformação nos destinos dos excluídos, Freire é acusado de subversivo e seu método é impedido de contribuir para alfabetizar pessoas no Brasil. Ele foi posto no exílio e seu método de alfabetização foi usado como prova para justificar o “perigo” em permitir que as camadas subalternas pudessem ler, escrever e pensar. Na sua essência, o método de alfabetização Paulo Freire consiste em levar as pessoas, a um processo de educação para aprender a ler e a escrever a palavra, mas aprender, também a dizê-la interpretando a sua realidade, levando o indivíduo a se colocar como sujeito do seu tempo e da sua história. Ora isso naquele momento histórico dos anos 60, logo após o golpe militar de 64, não tinha como se realizar. A sociedade civil organizada estava amordaçada, impedida de questionar, de perguntar sobre os seus destinos e a sua realidade social.
Segundo a perspectiva de Paulo Freire, vivia-se num contexto de uma sociedade fechada. Seria longo o caminho para atingirmos uma sociedade em transição, para o processo de uma sociedade aberta. Mas em que consiste a efetividade da leitura teórica de Freire ? Pode-se afirmar que o diálogo é o elemento fundamental que estrutura a abordagem para uma pedagogia libertadora, daí a terminologia pedagogia do oprimido. Neste sentido, na medida em que se afirma o diálogo, se elimina a violência. Este pressuposto é o princípio da construção democrática. Ou