educação fisica ginastica
Falar do corpo é falar de um espaço multidisciplinar, porque se pode falar dele a partir de muitas perspectivas. O corpo é lugar dos determinismos e condicionamentos biológicos, cada vez mais evidentes com os avanços da medicina, da biotecnologia e da genética - é o viés biologicista; o corpo é expressão do psiquismo, e portanto, como descobriram muitos psicoterapeutas, o corporal pode ser via de acesso ao psíquico - é o viés psicologista; o corpo é também matéria na qual se inscrevem as marcas das classes e grupos sociais - é o viés sociologista.
Sobretudo, o corpo é objeto histórico - cada sociedade, como afirma Certeau (citado por SANT'ANNA, 1995) tem seu corpo, assim como cada sociedade tem sua língua, e, assim como a língua, "o corpo está submetido à gestão social tanto quanto ele a constitui e a ultrapassa" (SANT'ANNA, 1995, p. 12). Enfim, o corpo é construção cultural.
Em todos esses viéses portanto, de alguma maneira, o corpo é linguagem, é expressão da natureza, da individualidade e do pertencimento social; é, pois, linguagem da vida e do homem. Mas o viés biologicista é para o biólogo, o viés psicologista é para o psicólogo, e assim por diante. Então, o que podem ser "corpo" e "cultura" para a Educação Física?
De que espaço disciplinar poderia a Educação Física falar do corpo e da cultura? Seria possível uma abordagem com o "olhar", com o viés da Educação Física?
Mas, primeiro, seria preciso perguntar-se o que é a própria Educação Física.
O conceito de Educação Física
Sem adentrar ao longo percurso do debate que se travou no Brasil, na década de 1980, a partir da questão "O que é Educação Física?", consideramos a definição que se segue, tributária tanto da "matriz científica" como da "matriz pedagógica" (BETTI, 1996) de entendimento da Educação Física, assim como do víés "culturalista", que trouxe ao debate o conceito de "cultura": "área de conhecimento e intervenção profissional-pedagógica que lida com a cultura corporal de