educação fisica corpo e saúde
UMA REFLEXÃO SOBRE OUTROS
“MODOS DE OLHAR”
ALEXANDRE PALMA
Docente da Universidade Gama Filho e Doutorando em Saúde Pública pela
Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz)
E-mail: alexandrepalma@domain.com.br
RESUMO
O objetivo deste ensaio é discutir o papel da educação física voltada para saúde, a partir de reflexões sobre o cenário social em que se encontra o mundo contemporâneo, suas repercussões sobre o corpo e práticas de intervenção; os conceitos de saúde; e, o modelo de investigação científica hegemônico. O estudo, então, vai desvelando algumas “verdades” características de quem opera com o discurso de base quantitativa, quais sejam: a) a redução do fenômeno a uma determinação biológica; b) a desconsideração da história coletiva; e, c) a culpabilização do indivíduo frente aos problemas de saúde e aptidão física. Por fim, propõe-se que a relação educação física-saúde seja abordada através de novos “olhares”, atentos às incertezas e complexidades do processo.
PALAVRAS-CHAVE: saúde pública; aptidão física e saúde; filosofia da ciência; complexidade.
Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 23-39, jan. 2001
23
INTRODUÇÃO
Ao se pretender discorrer sobre um objeto socialmente construído, não se pode deixar de lado o contexto político-econômico pelo qual este mesmo objeto está inserido. Tratar da saúde é, em última instância, compreender as tramas sociais que se desenrolam nos projetos e políticas públicas. Parece ingênuo aceitar o determinante biológico, como razão única, para conferir as análises sobre o processo saúde-doença. O adoecer humano não deve ser investigado ou tratado somente sob a forma de uma relação biológica de causa e efeito, tão simples, que desconsidere outros aspectos relevantes, tais como os contextos socioeconômicos e históricos.
E isto por quê? Porque, primeiro, as condições sociais têm uma grande influência sobre este adoecer. Segundo, porque