EDUCAR UM POVO IMPLICA EM PROVOCAR UMA MUDANÇA SOCIAL?
Desde a gênese das primeiras universidades na Europa até os dias atuais, recebemos demonstrações da importância da educação. Ela pode emancipar o ser humano, ajuda-o a desenvolver suas aptidões e teve papel importante em todos os processos de mudança de paradigma social, econômico e político. Para além da educação por si só, é preciso conhecer seu viés para saber se ela realmente pode provocar um sentimento revolucionário nos homens. O que percebe-se hoje, ao contrário do que ocorreu durante toda a história, é que a educação se torna cada vez mais um instrumento de engessamento das mudanças, transformando-se num fator mister para a manutenção do status quo. Na sociedade moderna, a educação é, cada vez mais, um instrumento de transmissão e não de produção de conhecimento; poucas são as instituições que produzem novas teorias e que não vivem só dos postulados que foram construídos no passado. Isso ocorre a fim de manter a lógica do sistema atual, que demanda mão-de-obra acrítica, que precisa apenas fazer seu trabalho e não questionar seus propósitos, o que poderia provocar (como já aconteceu no passado) uma insurreição que desmonte completamente a realidade em que vivemos hoje. Um exemplo dessa alienação da educação é o crescimento do ensino técnico, que consiste em, como o nome já diz, passar técnicas para quem recebe esse tipo de educação. Desse modo, há a retroalimentação do sistema com o uso da educação que, junto aos meios de comunicação de massa e à meritocracia do capitalismo, conseguem manter a estabilidade do sistema sem maiores empecilhos. Como já foi dito, a educação já teve um papel diametralmente oposto do atual; foi o combustível das revoluções das mais diferentes ideologias e que, de certa forma, ajudaram a construir esse sistema que veda - aparentemente de forma orgânica - a liberdade para o livre pensamento. É preciso reconstruir a concepção passada de educação enquanto processo crítico