Edfisica
Darcy Ribeiro
Mais da metade da população original de caboclos da Amazônia já foi desalojada de seus assentos, jogada nas cidades de Belém e Manaus. Perde-se assim, toda a sabedoria adaptativa milenar que essa população havia aprendido dos índios para viver na floresta.
Toda a área desse sistema fluvial Solimões-Amazonas era ocupada, originalmente, por tribos indígenas de adaptação especializada à floresta tropical.
Em nenhuma outra região brasileira a população enfrenta tão duras condições de miserabilidade quanto os núcleos caboclos dispersos pela floresta, devotados ao extrativismo mineral vegetal e, agora, também ao extrativismo mineral do ouro e do estanho. Os seus modos de vida constituem um variante sócio-cultural típico da sociedade nacional. A característica básica dessa variante é o primitivismo de sua tecnologia adaptativa, essencialmente indígena, conservada e transmitida, através de séculos, sem alterações substancias. Com o surgimento dos seringais cultivados no Oriente e da borracha sintética, a exploração da borracha nativa tornou-se economicamente inviável. Desde então, o seringal só sobrevive graças a um protecionismo estatal que o mantém artificialmente, mas sem a preocupação de amparar a massa de trabalhadores nele engajada.
Os protagonistas desses esforços foram alguns lusitanos , muito neobrasileiros mestiços, e a indiada engajada como mão de obra escrava.
A reação indígena a esse tratamento desencadeou a guerra e o afastamento das tribos antes aliadas para refúgios em que se punham a salvo da escravidão.
Uma solução melhor seria encontrada com a instalação de núcleos missionários, principalmente jesuíticos, mas também carmelitas e franciscanos. Mas estes tiveram que lutar muito com os próprios colonizadores pra impor como a mais racional e proveitosa.
O convívio entre índios de diferentes matrizes impuseram a homogeneização lingüística e o enquadramento cultural compulsório no corpo de crença e nos modos de vida dos seus