Edcacao
Biodiversidade e Saúde
Jean Carlos Ramos Silva
Introdução
A relação entre biodiversidade e saúde constitui uma questão atual bastante desafiadora, pois são amplamente reconhecidas as conseqüências das modificações ambientais e suas influências na saúde das populações, sejam animais ou humanas (EPSTEIN, 1995).
No Brasil, Franke et al. (2002) analisaram o impacto do fenômeno
El Niño na oscilação da incidência anual, entre 1980 a 1999, da leishmaniose visceral na Bahia. Constatou-se, pelos modelos de regressão utilizados, uma correlação entre a incidência anual da leishmaniose e a freqüência de episódios do El Niño. Estes importantes resultados sugerem que esta relação pode prever anos com altos riscos para ocorrência da leishmaniose visceral e, então, facilitar a implantação de medidas mitigadoras de saúde nas regiões suscetíveis do nosso país. Além da destacada influência de alterações climáticas de ciclo longo, como é o caso do El Niño, sobre a ocorrência de enfermidades, mudanças globais climáticas de origem antrópica, provavelmente, podem ser a principal causa de novos padrões de distribuição espacial e de incidência de doenças infecciosas veiculadas por artrópodes vetores, influenciando também na dinâmica de dispersão e reprodução destes invertebrados (WILSON, 1995;
DASZAK; CUNNINGHAM; HYATT, 2000).
Neste contexto, as doenças infecciosas também podem exercer uma grande influência sobre a conservação da biodiversidade e podem representar riscos de extinção para diversas espécies da fauna silvestre (AGUIRRE et
191
miolo mata atlântica (final).pmd
191
05/07/05, 18:43
al., 2002). Infelizmente, a perda da biodiversidade talvez seja o mais importante problema que o planeta enfrenta (POKRAS et al., 2000).
Quando comparada com o desmatamento de áreas naturais para uso da agricultura, pecuária, construção de condomínios, rodovias e hidrelétricas, com a poluição de recursos naturais e com outras ações antrópicas,