Economia brasileira
A visão que temos da economia internacional neste fim de século é a de um mundo submetido a uma espécie de imperativo tecnológico: o processo histórico já não é monitorado pelo poder exercido por "grandes potências", mas pela inovação técnica, a qual parece orientada para a desestruturação dos sistemas sociais que moldaram nossa civilização.
As tendências dominantes da dinâmica social contemporânea são: a) o aumento do desemprego, que já não é apenas cíclico, mas assume a forma de exclusão, criando barreiras crescentes à mobilidade e à ascensão social; e b) a concentração do patrimônio e da renda, que se traduz no aprofundamento do fosso entre uma minoria de menos de um décimo da cidadania e a massa da população.
Não existe teoria suficientemente abrangente para explicar o processo de desarticulação social em curso, mas nada nos impede de especular sobre os fatores que estão em sua origem. Se observamos a Revolução Industrial em seus inícios, vemos que também ela foi marcada por ampla desarticulação social; tanto o emprego agrícola como o artesanal, que correspondiam à quase totalidade da população ativa, iniciaram um longo período de declínio, ao mesmo tempo que despontava um forte processo de urbanização. A oferta de mão-de-obra nas zonas urbanas era por demais abundante, mas foi a criação de empregos no incipiente setor industrial que passou a comandar a dinâmica social. Importa assinalar que, com a industrialização e a urbanização, emergiram novas forças sociais, abrindo-se o processo histórico de lutas de classes que conduziu à elevação dos salários reais e modelou a distribuição da renda social.
Graças à interação dessas forças, o crescimento do mercado interno emergiu como o principal fator de dinamismo das economias capitalistas. Certo, esse crescimento somente se sustentava se a produtividade do trabalho estivesse em elevação.
Assim, duas forças estão na base do dinamismo das economias