Eco (Mitologia Grega)
Um dia a deusa Hera saiu à procura do marido, de quem desconfiava, que sempre estava se distraindo com as ninfas. Mas Eco conseguiu entretê-la com sua conversa até as ninfas fugirem. Percebendo isso, Hera a condenou: “Só conservarás o uso dessa língua com que me iludiste, para uma coisa de que gostas tanto: responder. Continuarás a dizer a última palavra, mas nunca poderá falar em primeiro lugar”.
Certa manhã a ninfa viu Narciso, um belo jovem que perseguia a caça na montanha. Apaixonada por ele, começou a seguir os seus passos, desejando ardentemente poder dirigir-lhe a palavra, e dizer-lhe frases gentis e agradáveis, para assim conquistar-lhe o afeto. Mas como não conseguia fazê-lo, em virtude do castigo imposto pela deusa Hera, não teve melhor alternativa senão esperar que ele falasse primeiro, para que ela finalmente pudesse responder. Quando Narciso procurava pelos companheiros ele gritava bem alto mas Eco só conseguia responder a última palavra. Quando Narciso viu a jovem, fugiu dela.
Eco foi esconder sua vergonha no recesso dos bosques e passou a viver nas cavernas e entre os rochedos das montanhas. De pesar, seu corpo se transformou em rochedos e só restou a sua voz. A ninfa continua ainda disposta a responder a quem quer que a chame e conserva o velho hábito de dizer a última palavra.
O mito de Eco revela que a pior prisão é aquela em que o ser humano não pode expressar o que pensa ou o que sente; é a tortura de conviver com seus pensamentos e sentimentos presos pelo medo ou pelas convenções ameaçadoras.