Drogas
As mortes causadas por drogas cresceram em um ritmo superior ao dos acidentes de trânsito nos últimos 14 anos no Brasil: 58% contra 17%. Embora os acidentes com veículos matem mais em números absolutos, os dados são um reflexo do foco de atenção do país. Há mais de uma década, o Brasil tenta criar mecanismos para coibir a violência no trânsito e viu as mortes saltarem de 35,5 mil para 41,6 mil de 1996 a 2010. Por outro lado, o esforço concentrado no combate às drogas é mais recente. E os números são prova dessa realidade: os índices pularam de 14,2 mil para 22,5 mil, segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, o DataSUS. Pior: nos dados coletados pela reportagem, não estão contabilizadas algumas doenças provocadas pelo abuso de drogas, como o câncer de pulmão, nem os homicídios atrelados ao tráfico de entorpecentes.
O levantamento da Gazeta do Povo se baseou em metodologia da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), que estabelece uma série de causas de óbitos relacionados ao uso de substâncias lícitas e ilícitas, que variam do ópio à cocaína. “Houve trabalho de educação para o trânsito, relacionado ao Código de Trânsito de 1998 e à própria Lei Seca. Quanto às drogas, houve crescimento do consumo em torno de 170% e, por isso, mais pessoas morreram”, explica Dulce Bais, doutora em Educação, enfermeira com mestrado em Psiquiatria e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) na área de Educação para a Saúde.
As soluções para coibir essas mortes não são simples e precisam necessariamente envolver prevenção e fiscalização. Apesar de o governo ter lançado políticas públicas recentes para combater as drogas – sobretudo o crack –, o caminho ainda é longo. No início deste mês, a União anunciou que investirá R$ 4 bilhões até 2014 em um plano que inclui, entre outros elementos, a internação compulsória de dependentes químicos e a criação de 308 consultórios de rua, ambulatórios móveis que tratam de pessoas em