Drogas
A nova geografia do tráfico nada mais é que uma reação ao sinal dos tempos: crise da instituição familiar, aposta na roleta russa da impunidade legal, lucro fácil e alto, além de um mercado de consumo garantido. Hipnotizados pelo canto da sereia, como Ulisses, do poema épico de Homero, os jovens deixam-se levar facilmente, ao contrário do nosso herói grego, que fora preso ao mastro do navio a seu pedido, como símbolo da prudência que deve nortear o agir humano frente às adversidades e do amor ao que lhe era caro: Penélope, sua apaixonada e fiel esposa.
O fato é que a juventude não só não tem mais mastros que valham a pena se amarrar, quanto mais ignora o que seja prudência ou mesmo amor, sinônimo de sexo, já entendido depreciadamente como um ato fisio-biológico despojado que qualquer afetividade. E, ainda assim, os defensores da legalização agem com uma ingenuidade ímpar, fincados em três argumentos principais: a guerra contra as drogas causa mais danos à sociedade que o abuso no uso de entorpecentes, a violência diminuirá com a legalização, em razão da queda do preço e as drogas se resumem a um problema da saúde pública.
O primeiro argumento é o mantra preferido pelo movimento libertário. Diante de seu laconismo, deve se perguntar a parcela da sociedade que sofreu os danos: os usuários, os traficantes, os atravessadores, os produtores ou as pessoas que moram nos bolsões dominados pelo narcotráfico? E qual a magnitude do dano supostamente sofrido? E, se houve o dano, não se trata de uma questão